Que todo relacionamento passa por mudanças ao longo do tempo, isso é fato. No entanto, a nossa forma de se relacionar, no geral, vem passando por uma verdadeira revolução desde meados dos anos 1970. Isso porque, de lá para cá, as separações começaram a ser mais aceitas, o sexo passou a ser “mais livre”, a pílula anticoncepcional foi criada, e a mulher conquistou mais poderes de escolha, inclusive a de não ter filhos.

No âmbito da psicanálise, meu amigo Freud ao afirmar que o prazer é um objetivo da sexualidade humana, desvinculou as vivências sexuais do ato exclusivo de procriação. Ou seja, evidenciou a autonomia da vida sexual e sua importância para alcançar a realização e o bem-estar dos indivíduos, independentemente da idade, estado civil ou opção sexual.

Atualmente, não podemos negar que ainda estamos no meio de um processo de quebra de paradigmas e dogmas, reestruturando a vida sexual das pessoas. Com certeza veremos nos próximos anos mudanças comportamentais que consideram como qualidade de vida uma sexualidade ativa, firme e divertida. Todos terão mais opções de preferências e, a partir disso, vão decidir o que realmente querem em suas vidas amorosas e sexuais. A grande mudança será essa.

E na idade madura? Como isso funciona?

Quer um spoiler? Ninguém se aposenta da sua sexualidade. O sexo, por exemplo, apenas se reestrutura, se aperfeiçoa, se intensifica. 

Como o próprio termo sugere, idade madura é o momento de aproveitar o amadurecimento, tudo que foi aprendido e construído na sua jornada; o que geralmente acontece com todos aqueles e aquelas com mais de 60 anos. Lembrando que o processo de envelhecimento é algo sequencial, individual, cumulativo, irreversível, universal e não patológico.

Vamos lá: sexo é muito mais do que penetração. Mantê-lo com qualidade com o passar dos anos depende apenas da sua criatividade. O que muitos confundem, ou ignoram, é que o sexo não está focado apenas na genitália, mas, sim, no cérebro! Então, o poder do toque, do carinho, da percepção de afeto e das trocas que resultam em prazer são muito bem-vindos, mesmo com todas as mudanças sequenciais hormonais (totalmente normais e esperadas) que acontecem no nosso corpo.

O que esperar da prática sexual na melhor idade?

Simples: o que se espera do sexo em qualquer idade, porém na sua melhor versão. O sexo nesse período continua sendo beijos, abraços, brincadeiras, fantasias, o ficar nu aproveitando todas as possibilidades (orais, anais, etc) do que o casal se permitir com consentimento mútuo e intimidade.

Para isso, estar com o check-up em dia é fundamental. Consulte sempre seu(sua) ginecologista ou urologista e estabeleça uma rotina saudável de exames. Usar lubrificantes específicos para cada necessidade também torna tudo muito mais divertido e prazeroso. Que tal visitar um sex shop e conhecer esses e outros produtos?

Além disso, cuide da sua alimentação e, se possível, pratique exercícios físicos. Manter-se leve e disposto(a) faz toda a diferença. E vale a pena reforçar: cada experiência é única durante o envelhecimento. Não rotule. Ouça seu(sua) parceiro(a), proporcione o máximo de segurança emocional e tenha responsabilidade afetiva com quem você ama.

Aproveite muito!

Em resumo, o gostoso da vida madura é que, quanto mais velho(a) você é, mais o tempo passa a ser prioritário. Mais você simplifica a sua vida e não foca naquilo que lhe falta, mas no que você tem. É aqui que você percebe o que realmente precisa para ser feliz. Exige menos e aproveita mais.

A virada de chave acontece quando você muda o foco e para de se comparar, de sofrer por isso e dá o start em seu autovalor. É quando você prioriza seus projetos de vida, seus amigos, seus amores, aquilo que é, de fato, essencial para a sua existência enquanto ser humano. E é claro que o sexo faz parte disso.

Desfrute do melhor da sua sexualidade hoje, amanhã e sempre! Livre de amarras ou rótulos.

Beijos da Ká!

Karina Brum

Sexóloga. Educadora Sexual; Palestrante; Psicóloga; Especialista em Saúde da Mulher.
Treinamento em Psicologia Humana dentro das organizações.